Alta dos combustíveis e inflação do carro inibem novos emplacamentos

FGV aponta inflação ao motorista na casa dos 17% no último ano e motos ganham espaço progressivo nas…

FGV aponta inflação ao motorista na casa dos 17% no último ano e motos ganham espaço progressivo nas vias urbanas

Lucas Torres [email protected]

O custo para trafegar com carro próprio nas cidades brasileiras hoje é certamente o mais alto em muitos anos. Em 29 de março, o que já era sentido no bolso daqueles que se aventuram em usar o transporte individual ganhou substância com os números revelados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) na divulgação do índice de inflação ao motorista.

De acordo com o indicador, que leva em conta preços de veículos, autopeças, tarifas públicas como licenciamento, multas e, claro, os combustíveis, o custo para usar e manter um automóvel no país subiu 17,03% desde março de 2021 – para efeito de comparação, a já alta inflação oficial no período – o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – acumula crescimento de 10,79% em 12 meses até março. Embora o dado já seja alarmante por si só, pode não fazer jus à atual pressão inflacionária no bolso dos motoristas. Isto porque os impactos dos reajustes de 18,7% para a gasolina e 24,9% para o diesel, anunciados pela Petrobrás no último dia 10 de março, não integraram a conta da FGV.

Para oferecer uma noção do impacto destes últimos aumentos nos preços dos combustíveis, a instituição estimou que, caso eles tivessem sido considerados, a inflação ao motorista saltaria para 22,08% – portanto, na prática, este é o índice real para a inflação do carro no período de um ano. E o salário subiu quanto? Aumentos de tamanha proporção são motivos de preocupação para o aftermarket.

Afinal, quanto maiores as dificuldades financeiras para os motoristas, maiores são as chances de que haja uma diminuição de automóveis nas ruas. Em entrevista ao programa Diálogo Automotivo, da A.TV – o canal de conteúdo do mercado de reposição que você acessa pelo endereço https://www.youtube.com/c/ATVmidia – o presidente do SindirepaSP e Sindirepa Brasil, Antonio Fiola, manifestou preocupação com essa escalada de custos especialmente para os gestores das pequenas empresas. “A inflação judia do pequeno. Porque eu tenho muita dificuldade de repassar os custos.

O processo inflacionário aumenta meu aluguel, minha conta de luz, minha folha de pagamento e eu não consigo repassar isso para o consumidor. Para o pequeno a inflação é péssima, pressiona demais esse empresário na economia. Isso nos leva a muita dificuldade, eu tenho medo da inflação para os pequenos negócios”. Quando nos atemos à circulação geral dos veículos, ainda há carência na consolidação dos dados fornecidos pelas secretarias de mobilidade dos Estados – à medida que os balanços costumam ser divulgados mensalmente. Ainda assim, números como os da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) de Cuiabá indicam um impacto imediato. Segundo a Semob, a capital do Mato Grosso teve uma queda de circulação de cerca de 5 mil veículos entre os dias 14 e 16 de março, na comparação com o período entre 7 e 9 do mesmo mês – quando o último aumento dos combustíveis ainda não havia sido anunciado.

Dentro de todo este contexto, porém, nenhum outro fator tem se mostrado mais simbólico dos efeitos da pressão inflacionária no uso de carros individuais do que a crise generalizada no âmbito dos transportes por aplicativo (app). Nas últimas semanas, os motoristas associados a empresas como Uber e 99 mostraram a indignação da categoria com aquilo que classificaram como ‘inviabilidade de operação’ gerada pela soma dos aumentos de custos de combustível e manutenção com a relutância dos apps em reajustarem suas tarifas e margens. Entre os dias 28 e 29 de março, por exemplo, profissionais de capitais como Rio de Janeiro e Recife se reuniram em manifestações de proporções significativas que chegaram a perdurar por mais de sete horas.

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