Stellantis responde a demanda multisetorial por reaproveitamento de produtos

Lucas Torres [email protected]

Neste último mês de outubro, a Stellantis – um dos maiores grupos automotivos do planeta – lançou sua primeira linha de autopeças remanufaturadas para o aftermarket brasileiro. A iniciativa, que vem na esteira de uma demanda multisetorial por ações voltadas à economia circular, é a primeira ação do projeto ‘SUSTAINera’ da Stellantis no Brasil e deve compor uma série de outros movimentos voltados a reduzir 50% de sua geração de carbono até 2030 e zerar o volume até o ano de 2038. Em um primeiro momento, as peças remanufaturadas do grupo que reúne marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën chega com aproximadamente 100 componentes distribuídos em cinco famílias: alternador, caixa de direção, câmbio automático, motor de arranque e turbocompressor. Outra informação importante para a reposição automotiva brasileira é o fato destes produtos não estarem, inicialmente, disponíveis para o marcado independente. Recentemente, a Stellantis anunciou que as autopeças remanufaturadas ficarão restritas às suas mais de 1000 concessionárias autorizadas das marcas Citroën, Fiat, Jeep e Peugeot em todo o país.

A fim de oferecer mais detalhes sobre esta e outras futuras ações no campo da sustentabilidade, a empresa realizou uma entrevista coletiva com a participação de seus executivos Antonio Filosa (presidente da América do Sul), Paulo Solti (vicepresidente de Peças e Serviços da América do Sul). O Novo Varejo Automotivo acompanhou a entrevista e traz um resumo dos pontos abordados.

O que o lançamento SUSTAINera no Brasil diz sobre o engajamento da Stellantis na busca por se tornar promotora de uma mobilidade mais sustentável?

Antonio Filosa – O desenvolvimento de soluções sustentáveis por meio da economia circular é uma das prioridades globais da Stellantis, que será a líder no setor em mitigação das mudanças climáticas, tornando-se carbono neutro até 2038, com redução de 50% já em 2030.

Qual será o impacto ambiental, em números, da introdução das autopeças remanufaturadas no portfólio de produtos da Stellantis?

Paulo Solti – A peça remanufaturada é uma opção mais sustentável, uma vez que utiliza 80% menos matérias-primas e 50% menos consumo de energia em seu processo de remanufatura. Isso significa menor demanda de recursos e otimização do processo produtivo, que é mais simples do que a fabricação de uma peça nova. Consequentemente, há efetiva redução na emissão de CO2 e benefícios para o meio ambiente.

Considerando um certo preconceito que o mercado brasileiro ainda tem com peças remanufaturadas, quais foram os principais fatores que motivaram a entrada da Stellantis neste mercado para além do aspecto ambiental?

Paulo Solti – Nossa intenção é permitir que o cliente mantenha seu veículo com uma linha de peças mais acessível (…) sem abrir mão da qualidade, confiabilidade e garantia da Stellantis. Em resumo, conseguimos ampliar a vida útil dos

componentes, diminuindo o impacto ambiental e evitando que sejam descartados de forma incorreta ou até mesmo reaproveitados de modo inapropriado no mercado informal, evitando expor o cliente a riscos de danos futuros para seu veículo.

O fato de a Stellantis estar restringindo a venda das autopeças às concessionárias credenciadas mostra uma disposição do grupo de cada vez mais adotar uma abordagem hands on em todo o processo a fim de colocar garantir a entrega do seu padrão de qualidade?

Paulo Solti – Do design à produção até os serviços de pósvenda, os negócios precisam urgentemente se tornar mais ambientalmente sustentáveis e a economia circular abre um enorme campo de oportunidades. A Stellantis está totalmente preparada e engajada nessa nova realidade.

Estratégia da Stellantis no aftermarket é ancorada nos chamados ‘4R’ (Reparar, Reutilizar e Reciclar)


• Remanufaturar: Peças usadas, gastas ou defeituosas são completamente desmontadas, limpas e remanufaturadas de acordo com as especificações originais. Quase 12 mil peças abrangendo 40 linhas de produtos, incluindo baterias de
veículos elétricos, estão disponíveis.
• Reparar: As peças gastas são reparadas e reinstaladas nos veículos dos clientes. Em 21 locais ao redor do mundo, os centros de reparo eletrônico trabalham com baterias de veículos elétricos.
• Reutilizar: Aproximadamente 4,5 milhões de peças multimarcas em estoque, ainda em bom estado, são recuperadas de veículos em fim de vida e vendidas em 155 países por meio da plataforma B-parts, de e-commerce.
• Reciclar: Resíduos de produção e veículos em fim de vida são reinseridos no processo de fabricação. Em apenas seis meses, a unidade de negócios coletou 1 milhão de peças recicladas.

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