Claudio Milan [email protected]
Em comparação ao poder econômico e de lobby do chamado mercado original – as montadoras – a reposição independente sempre sairá em desvantagem. Por isso, é fundamental adotar uma estratégia inteligente para sensibilizar os legisladores. Um dos caminhos já está traçado e tem como referência conquistas obtidas no exterior.
“Na Europa, desde a Lei Montti tudo se respalda no consumidor”, diz Sérgio Alvarenga. A Lei Montti foi assinada em 1º de outubro de 2002 em Genebra, na Suíça, para garantir aos reparadores independentes igualdade de condições com as concessionárias. Uma das frentes em que o consumidor será determinante é o movimento Right to Repair, que envolve uma questão extremamente sensível nos dias de hoje: a propriedade dos dados gerados em tempo real pelo carro conectado. “O que temos de fazer é batalhar para o dono do carro ter a informação. Não é só a gente que está discutindo isso, vai ter o pessoal do celular, um monte de gente brigando para que os consumidores tenham o poder. E aí você movimenta a massa, então fica difícil para um político ir contra, cria-se uma situação que envolve a liberdade de escolha do consumidor. Por que a gente vai ter medo da escolha do consumidor se nós sempre fomos o canal prioritário para ele? Dá liberdade pra ele”. Cada vez mais os dados gerados pelo cidadão conectado valem ouro. No caso do automóvel, a questão é complexa e exigirá muito debate. É razoável supor que uma pessoa possa ter a propriedade das informações resultantes do uso de seu veículo. Só que hoje os caminhos da mobilidade são amplos e estão em transformação. Muita gente já optou pelo carro por assinatura, que não é próprio. Em casos como esse, a quem pertence a informação? Para o aftermarket automotivo, é fundamental que seja de propriedade do usuário do automóvel. “Os dados não podem ser do carro”, dispara Luiz Sergio Alvarenga.