Frota de carros leves chega e 38,4 milhões em 2023

A frota circulante no Brasil superou a marca de 47,0 milhões de autoveículos em 2023 e, considerando-se o segmento de motocicletas, alcançou 60,4 milhões. A representatividade dos segmentos analisados seguiu em conformidade com as características históricas do setor. O de automóveis, com 38,4 milhões de veículos, permaneceu como a categoria mais expressiva, representando 81,5% do total de autoveículos em circulação. Em seguida, despontam comerciais leves, 6,2 milhões (13% do total), caminhões, 2,2 milhões (4,6% do total) e ônibus, 388,9 mil unidades (0,8% do total). As informações foram divulgadas na edição 2024 do Relatório da Frota Circulante elaborado pelo Sindipeças.

Desde o advento da pandemia, o ritmo de crescimento da frota circulante expressa as dificuldades e transformações por que passa a indústria automotiva no país. Frágil crescimento econômico, elevado patamar da taxa de juros (Selic), restrições para o financiamento de veículos novos, desorganização das cadeias de suprimentos globais (semicondutores), mudança de mix e encarecimento dos veículos, principalmente os de entrada, e mudança no perfil dos consumidores.

Esse conjunto de fatores se traduziu na lenta evolução da produção e das vendas do setor. Entre 2020 e 2023, a fabricação de veículos novos (média de 2,2 milhões de unidades no período) não conseguiu se aproximar das 2,9 milhões de unidades geradas em 2019 e manteve distância oceânica das 3,7 milhões de unidades de 2013. Igualmente, os licenciamentos nacionais que haviam alcançado 2,5 milhões em 2019 − e cifra recorde de 3,1 milhões de unidades em 2013 − não chegaram em nenhum dos anos pós-pandemia a volumes superiores a 2,0 milhões de unidades. Essa realidade se manteve inalterada em 2023. O total de autoveículos em circulação apresentou incremento de 0,5% em relação ao ano anterior, sendo que em 2022 havia sido de 0,6%. Na média dos últimos quatro anos (2020 – 2023), a frota brasileira cresceu mísero 0,7%, o que corrobora seu processo de envelhecimento.

 As categorias de comerciais leves (2,5%) e de caminhões (1,0%) foram as únicas que tiveram incremento acima da média geral no ano passado. Esse acontecimento é explicado pelo desempenho das vendas da classe de comerciais leves, e em consequência do dinamismo que gera para produção, que subiram, em média, 8,8% e 9,1% no período dos últimos quatro anos, respectivamente, e também pelos resultados colhidos pelos veículos pesados (caminhões e ônibus), especialmente em 2022, haja vista que em 2023 a classe dos pesados foi dramaticamente afetada pela transição de tecnologia de emissões Euro 5 para Euro 6. Veja nos quadros a seguir os novos números da frota brasileira segundo o abrangente estudo anual do Sindipeças.

Nacionais e importados

Dentre os 47,1 milhões de unidades da frota circulante, os veículos importados corresponderam a 14,3% em 2023, participação que não sofre alteração desde 2019. Em relação a 2022, a presença dos veículos importados na frota brasileira superou a variação anterior, apresentando alta de 1,3%, maior taxa desde 2016. Por seu turno, os veículos nacionais mostraram incremento de 0,4%, a menor taxa de variação nos últimos 10 anos.

Ainda que represente crescimento e que, em ordem de grandeza, o volume de nacionais seja substancialmente maior do que o de importados, é necessário monitorar a evolução desses veículos principalmente agora, quando cresce o interesse dos consumidores por elétricos e híbridos.

Tipos de propulsão

A categoria de propulsão com maior participação na frota circulante continua sendo a dos veículos flex (76,2%). Em 2023, porém, o veículo a diesel alcançou a segunda colocação (11,7%), ultrapassando os veículos a gasolina, agora, no terceiro lugar no ranking (11,5%). Mesmo que os veículos eletrificados (híbridos e elétricos puros) expressem participações menores, vale destacar o crescimento exponencial a partir de 2021, considerando-se as múltiplas ações realizadas pelo setor em direção à descarbonização.

Além disso, o retraimento da participação dos veículos movidos somente a álcool é observado desde a criação dos veículos flex. Merece atenção, no entanto, o fato de que a aprovação na Câmara Federal do projeto “Combustível do Futuro”, que prevê aumento da adição dos combustíveis renováveis aos de origem fóssil, com impacto na gasolina, diesel e querosene para aviação, e o potencial do Brasil para se tornar hub de exportação de motores a combustão, especialmente flex, podem assegurar nova dinâmica para indústria sucroalcooleira no Brasil

Idade média da frota

Segue firme o processo de envelhecimento da frota brasileira. A idade média foi de 10 anos e 10 meses para autoveículos e 8 anos e 4 meses para motocicletas. Nos últimos 10 anos o envelhecimento da frota de autoveículos aumentou em mais de 2 anos. Em relação a 2022, o movimento de queda na representatividade de veículos com menos idade, aqueles com até 5 anos (-4,3%) e de 6 a 10 anos (-8,3%), e o aumento dos veículos com maior idade, 11 a 15 anos (5,6%) e 16 a 20 anos (14,9%), compõem o envelhecimento. Sabe-se que o encarecimento do valor do veículo devido à incorporação de novas tecnologias, seja por itens de segurança ou energia limpa, além das altas taxas de juros, nível elevado de inadimplência, dificuldade de obtenção de crédito e desvalorização cambial não oferecem um cenário propício para alterar essa realidade.

Transformar o cenário automotivo no Brasil, impulsionando- -o para posições mais altas no ranking automotivo mundial, seja em vendas, seja em produção, exige estabilidade macroeconômica a médio/longo prazo, aliada a implementações de políticas públicas que incentivem a renovação da frota circulante e, consequentemente, garantam um trânsito mais sustentável, do ponto de vista de segurança veicular e ambiental.

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