Setor automotivo brasileiro tem na destinação correta dos automóveis parados e peças sem utilidade um de seus principais desafios
Lucas Torres [email protected]
Com uma frota colossal que passa dos 100 milhões de veículos produzidos até hoje e o agravante de possuir na maior parte carros com idade média acima dos 10 anos, o setor automotivo brasileiro tem na destinação correta dos automóveis parados e peças sem utilidade um de seus principais desafios. Não dá mais para simplesmente abandonar um carro sucateado num ferro-velho. De acordo com a GWA Brasil (Green Ways for Automotive), startup focada na logística reversa automotiva, o país tem hoje mais de 2 milhões de veículos abandonados ou em final de vida útil.
Para se ter uma dimensão contextualizada do problema que isso gera, é preciso fazer um comparativo com lugares em que essa questão já encontrou na logística reversa uma solução real – tal como ocorre em regiões como a América do Norte e Europa, onde a reciclagem de veículos chega a atingir níveis próximos a 95%. Como se sabe, a existência dos cemitérios de carros traz inúmeros problemas sanitários e ambientais, sobretudo se considerarmos que, em muitos casos, estes automóveis despejam óleo e outros resíduos no solo. Se engana, porém, quem acredita que a existência destes locais representa uma ameaça apenas para as chamadas pautas verdes.
Os ferros-velhos alimentam há décadas um mercado clandestino de autopeças sem registro – algo que, além de trazer concorrência desleal para os estabelecimentos legalmente estabelecidos, torna esses locais válvulas de escoamento em potencial para crimes como roubo e furto de automóveis. Pois se é fato que os desmanches existem, então que ao menos sejam fiscalizados e sigam normas rígidas.