Conjunturas locais determinarão futuro da mobilidade

Políticas enérgicas regionais, metas ambientais e a disponibilidade da fonte de energia em cada país são fatores que pesarão na escolha.

Claudio Milan [email protected]

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Economia não fóssil, digitalização, volatilidade econômica, urbanização e sustentabilidade são transformações globais que vêm ditando as tendências automotivas, hoje direcionadas para eletrificação, software, energia de baixo carbono, direção autônoma e mobilidade como serviço. O futuro da mobilidade foi o tema da apresentação de Everton Lopes da Silva, diretor de tecnologia e responsável pelo Tech Center da Mahle Metal Leve para a América do Sul, no Seminário da Reposição Automotiva 2022. Embora a eletrificação venha sendo apontada como a principal saída para a redução das emissões de CO2 mundo afora, cada vez mais fica claro que haverá diferentes soluções para as rotas tecnológicas a serem seguidas considerando o direcionamento adotado pelas políticas enérgicas regionais, metas ambientais e a própria disponibilidade da fonte de energia nos países. “Não há uma solução global”, determinou o palestrante.

No Brasil, os direcionadores tecnológicos suportados pela legislação vigente concentram foco em emissões locais, eficiência energética e energias renováveis com metas estabelecidas até 2032. São eles: Rota 2030, com a redução de emissões de gases de efeito estufa e introdução de tecnologias nacionais; Proconve e a saúde pública, com reduções de emissões de gases nocivos; Renovabio e energia renovável, prevendo aumento da participação de combustíveis renováveis para o transporte; Programa de Combustível do Futuro, a favor dos combustíveis alternativos com baixa emissão de CO2, em especial os biocombustíveis; e National Hydrogen Program, com desenvolvimento do mercado, tecnologias e estratégias para economia de hidrogênio. Como consequência surge uma diversidade de soluções para atender com a maior eficiência possível as diferentes demandas por mobilidade. “Quando olhamos a mobilidade urbana, que eu chamo de mobilidade humana, há uma característica única porque existem diversas distâncias. A mobilidade no centro de São Paulo é uma, entre as principais regiões de São Paulo é completamente diferente e nós precisamos entender como as aplicações trabalham de forma efetiva nessa mobilidade. Pelo menos na Europa esse cenário já está estabelecido como uma tendências. Nas cidades grandes, a eletrificação se torna uma realidade no médio prazo. A hibridização, para maiores distâncias enquanto a bateria do elétrico ainda não atende em termos de autonomia; e a longa distância conta com o FCEV, um veículo elétrico dotado de célula de combustível que funciona abastecido com hidrogênio. De fato, o hidrogênio passa a fazer parte da cadeia de combustíveis. Então o motor a combustão interna, mesmo na Europa, para veículos pesados continua sendo um vetor importante. O hidrogênio para os motores a combustão interna passa a ser uma solução importante”, previu Everton

FUTURO DA MOBILIDADE – SUMÁRIO

Para nossa região, novas tecnologias e os biocombustíveis garantirão a aplicação do MCI no médio e longo prazo.

 Eletrificação será lenta, no entanto crescente no Brasil, portanto é necessário criar competência local sobre o tema.

Para garantir uma redução de CO2 efetiva, o conceito “poço à roda” deve ser introduzido.

Melhores combustíveis são requeridos para permitir a introdução de novas tecnologias (ex: HOF, GNV, Biogás etc).

Otimizações em MCI combinadas com eletrificação de acessórios (MH) e hibridização flex será o próximo estágio do powertrain no Brasil.

Não é elétrico ou MCI, a combinação das tecnologias deverá suportar o atendimento das metas já estabelecidas.

A Mahle tem apoiado a construção da mobilidade sustentável do futuro para a região sul-americana, oferecendo soluções tecnológicas para as diversas aplicações.

Brasil tende a focar na evolução da combustão interna

Partindo do princípio cada vez mais consolidado de que as soluções para a mobilidade serão regionais, a pergunta que fica é: e o Brasil? Em sua apresentação, o executivo da Mahle mostrou sintonia com as expectativas mais recentes: a adoção da motorização híbrida com etanol. “É possível ainda avançar muito com o motor a combustão interna. Temos que olhar com muito cuidado as características de cada região e aproveitar o que temos de melhor em termos de investimento – que já foi feito no passado – para conseguir buscar o target, a meta, que é de fato mobilidade com baixo carbono”. Segundo dados apresentados pelo palestrante, a disponibilidade de fonte energéticas renováveis – biomassa, hidráulica, solar, eólica – no Brasil pesa a favor da adoção destas soluções pelo país:

Fonte Energética

Renováveis

Brasil 45%

Mundo 14%

Não renováveis

Brasil 55%

Mundo 86%


Fonte: Everton Lopes da Silva, diretor de tecnologia e responsável pelo Tech Center da Mahle Metal Leve para a América do Sul / Seminário da Reposição Automotiva

Para resumir, segundo o executivo da Mahle, os veículos elétricos ainda são muito caros. Por isso, no Hemisfério Sul, veículos de entrada não serão elétricos por um bom tempo. A eletrificação só será adotada em veículos premium e, no futuro, poderão chegar a 5 ou 6% das vendas. “Tecnologias de motores a combustão: continuarão crescendo em participação nos próximos anos, sempre buscando a otimização, maior eficiência e menor redução de emissões de gases poluentes, enquanto a eletrificação será lenta, mas crescente continuarão crescendo em participação nos próximos anos, sempre buscando a otimização, maior eficiência e menor redução de emissões de gases poluentes, enquanto a eletrificação será lenta, mas crescente, por isso, é fundamental criar competência local sobre o tema”.

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