Lucas Torres [email protected]
Realizada no mês passado, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre
as Mudanças Climáticas colocou o setor automotivo na posição de
protagonista do debate em torno da construção de uma sociedade
mais sustentável.
Como já era esperado, a busca por acordos que unissem nações
e grandes montadoras em um grande pacto por combustíveis de
‘Carbono Zero’ – sobretudo por meio da eletrificação dos motores – foi
o ponto de maior destaque.
Foi dentro deste contexto que, por exemplo, a cidade de São Paulo
assinou um compromisso para incentivar a venda de carros elétricos
até o ano de 2040, bem como para substituir sua frota de ônibus por
veículos movidos a eletricidade.
Mas será que a pauta da sustentabilidade automotiva se restringe a
essa busca pela erradicação do uso de combustíveis fósseis? Indo
ainda mais fundo: será que estamos prontos para lidar com os resíduos
deixados pelo uso de baterias de lítio – cujos custos potenciais no
âmbito da degradação ambiental são constatações unânimes por
parte dos especialistas no tema?
Na opinião do Consultor Legislativo do Senado Federal para a área
de Meio Ambiente, Joaquim Maia Neto, o caminho para a maior
sustentabilidade na cadeia produtiva brasileira, onde está inserida
a fabricação de autopeças, ainda precisa resolver outros gargalos
importantes até que ofereça, de fato, uma perspectiva de eficiência.
Ao analisar a pauta sob o prisma das diretrizes estabelecidas pela
Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em agosto de 2010,
o consultor aponta para o fato de que, embora a legislação em si
tenha trazido grandes avanços, a dificuldade de sua aplicabilidade nos
diferentes elos da cadeia produtiva e as disparidades quanto ao rigor
fiscalizatório em diferentes localidades do país colocam o Brasil em
uma posição ainda pouco madura na corrida sustentável.