Exposto a inúmeras transformações, algumas delas disruptivas, o mercado também vai mudar. Mas a evolução abrirá uma janela de oportunidades aos mais atentos e competentes
Claudio Milan
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A pesquisa “Mercado de Reposição Automotivo no Brasil – Perspectiva da McKinsey” apurou que 98% dos executivos de empresas brasileiras de reposição acreditam que o mercado irá potencialmente se consolidar, por meio de fusões e aquisições, profissionalizando ainda mais a cadeia de valor.
Até em razão da extensão territorial do país, o setor é extremamente fragmentado, mas a necessidade crescente de profissionalização e otimização de custos tende a promover um enxugamento.
Dados apresentados por Roberto Fantoni, sócio sênior da McKinsey, mostram uma oficina nos Estados Unidos atende na média 2,8 vezes mais veículos que no Brasil. São 1.818 veículos por oficina nos EUA e 345 aqui. Na Alemanha, a relação é de 1.071 veículos por estabelecimento. O desequilíbrio é evidente.
De acordo com o executivo, o processo de enxugamento será gradual. “Esse mercado vai passar por algum nível de consolidação, vai vir gradualmente. Por diferentes razões: o impacto da pandemia e a estrutura, o benefício fiscal e a própria dinâmica da cadeia. É natural imaginar que a distribuição vai se consolidar mais cedo ou mais tarde, assim como está ocorrendo em outros mercado”, previu durante o 2º Encontro da Indústria de Autopeças realizado pelo Sindipeças.
Este processo será consequência, também, do imenso conjunto de inovações disruptivas a que o mercado será cada vez mais submetido. Além da digitalização já em curso, em prazo bem mais longo ainda virão a eletrificação e a direção autônoma.
A pesquisa da McKinsey aponta três abordagens fundamentais para que as empresas adaptem suas estratégias aos novos tempos:
1 – Avalie novas tendências e cenários de mercado
2 – Considere o impacto do novo modelo de aftermarket
3 – Defina sua estratégia e plano de negócios
Apesar de traumáticas no primeiro momento, as mudanças – inclusive as disruptivas – devem ser sempre vistas como grandes oportunidades para as empresas. E, como o tempo tem mostrado, elas existem em abundância no mercado brasileiro de reposição automotiva.
Montadoras devem acirrar disputa no pós-venda
Entre as transformações impostas ao Aftermarket Automotivo neste cenário disruptivo que vem sendo construído é certo que novos competidores irão entrar na disputa. Em sua apresentação do 2º Encontro da Indústria de Autopeças, Roberto Fantoni chamou a atenção para a importância do pós-venda. “Em qualquer outro setor, como aeroespacial ou equipamentos pesados, boa parte do valor capturado por uma montadora vem do pós-venda, seja com serviços ou produtos. Isso deve ocorrer cada vez mais no mercado automotivo, então o quadro mostra diferentes agentes tentando capturar uma parte do valor”. De fato, nos últimos anos temos visto as montadoras investindo fortemente em marcas para peças de reposição.