Dado faz parte de estudo da McKinsey & Company apresentando durante o 2º Encontro da Indústria de Autopeças promovido pelo Sindipeças
Claudio Milan
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Em meio à maior crise sanitária experimentada pelo Brasil em mais de 100 anos, mais uma vez o mercado de reposição vem mostrando sua resiliência – com certeza você já ouviu e leu sobre isso dezenas de vezes nos últimos meses.
A verdade é que o Aftermarket Automotivo é um ambiente de negócios privilegiado em comparação a tantos outros setores da economia. O Brasil é um país movido sobre rodas e os carros, caminhões, ônibus e motos não podem parar. E quando a produção e a venda de veículos crescem, potencializa-se um grande mercado de consumo futuro. Quando caem, cristaliza-se um grande mercado de consumo imediato.
Hoje vivemos este segundo momento, razão que ajuda a explicar os bons números do setor que vêm sendo registrados desde o ano passado.
O fato é que o Aftermarket Automotivo vem resistindo bem à crise. Esta afirmação foi respaldada pelos resultados do estudo “Mercado de Reposição Automotivo no Brasil – Perspectiva da McKinsey”, apresentado em 5 de abril durante o 2º Encontro da Indústria de Autopeças, evento promovido pelo Sindipeças no ambiente digital.
“O impacto da covid foi severo no setor automotivo, mas menor na reposição. O crescimento não foi na mesma proporção esperada antes da pandemia, mais foi relativamente saudável. Isso em parte pela redução da compra de 0km e o envelhecimento da frota. A recuperação do setor deve vir só no ano que vem, assim como a redução do impacto na cadeia de suprimentos.
O câmbio se desvalorizando traz amento nos custos porque boa parte das peças é importada, mas, por outro lado, abre possibilidades de exportações que a gente não via cinco anos atrás”, disse em sua apresentação Roberto Fantoni, sócio sênior da McKinsey.
CRESCIMENTO EM 2020
O estudo da McKinsey apurou que alguns players do mercado de reposição conseguiram crescer em 2020, apesar dos desafios impostos pela pandemia:
Período | Fabricantes* | Distribuidores e varejistas |
2019
Realizado |
4,0% | 6,9% |
2020
Estimado (pré-covid) |
5,3% | 6,3% |
2020
Realizado |
4,4% | 3,9% |
* Divisão de Aftermarket
Fonte: Pesquisa online realizada pela McKinsey com 40 empresas do setor; Registros e divulgações de empresas públicas, fontes de mídia
Itens de giro respondem pela maior parte do consumo
O 2º Encontro da Indústria de Autopeças promovido pelo Sindipeças trouxe boas notícias para o Aftermarket Automotivo. A pesquisa da McKinsey, na melhor estimativa, enxerga um mercado de 100 bilhões de reais ao ano. “Valor das peças na ponta para uso, incorporando todo o valor agregado ao longo da cadeia; entretanto, esse número não inclui mão de obra”, disse Roberto Fantoni, sócio sênior da McKinsey. A distribuição, segundo o palestrante, fica assim: “Pouco mais de 60% em peças de reposição para veículos de passeio, menos de 30% para pesados e 10% para as motos”.
O estudo prevê um crescimento robusto em razão de fatores como, por exemplo, o envelhecimento da frota; mas o índice também considera a inflação, que deve ser descontada na conta que chegará ao crescimento real. “A gente vê um crescimento de 6% a 7%, o que dá entre 2% a 3% em termos reais. A maior categoria é de consumíveis, depois vêm os reparos, que têm frequência de reposição menor”.