Consumidor vem adiando visita às oficinas

Uma  desaceleração do mercado tem chamado a atenção de líderes e formadores de opinião de todo o trade do setor.

Presidente do Sincopeças-RS, Marco Antônio Vieira Machado destaca que o cenário é uma realidade no Rio Grande do Sul e reflete, acima de tudo, um momento crítico da saúde financeira da população, que se vê obrigada a adiar os planos e as necessidades no âmbito da manutenção automotiva. “Apesar de muito necessária, a manutenção automotiva também depende da saúde financeira da população. Se o consumidor final não tem condição favorável, segurará a mão na hora de levá-la à carteira e, consequentemente, a loja venderá menos – tanto em volume de peças quanto em faturamento –, culminando em menor compra nos fabricantes, provocando um efeito cascata sucessivo em toda a cadeia automotiva”, refletiu o dirigente.

Segundo Machado, o que se observa no varejo de autopeças, contudo, está longe de ser um fenômeno isolado. Ele chama a atenção para o peso de fatores macroeconômicos que extrapolam o setor e pressionam o consumo em todo o país, como a alta dos alimentos, combustíveis, energia, aluguéis e, sobretudo, o nível de endividamento das famílias.

Nesse ponto, os dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) ajudam a ilustrar o tamanho do problema. Em junho de 2025, o volume de consultas por crédito — um dos principais termômetros da propensão ao consumo — caiu 14,11% em relação a maio. Na comparação com junho de 2024, o recuo foi de 10,55%, consolidando um cenário que a própria entidade classificou como de “compasso de espera” tanto por parte dos consumidores quanto pelas instituições financeiras.

Na avaliação de José César da Costa, presidente da CNDL, essa retração tem relação direta com a cautela do mercado frente a um ambiente de crédito mais caro e menos acessível. “Com um ambiente de juros ainda elevados e o peso do passivo de inadimplência, tanto consumidores quanto instituições financeiras adotam uma postura mais conservadora”, afirma o dirigente. Segundo ele, a elevação do IOF e o custo total das operações dificultam o acesso ao financiamento, limitando a capacidade de compra da população.

Outro dado que reforça o argumento de Machado está no número de consumidores com restrições no CPF no momento da consulta por crédito, que chegou a 35,44% em junho — aumento em relação aos 34,53% de maio. O presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, também destaca a influência da política monetária nessa conjuntura: “A manutenção da taxa Selic em patamar elevado tende a prolongar o atual cenário. O crédito continua caro, os bancos permanecem conservadores e os níveis de endividamento e inadimplência seguem pressionados”.

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